terça-feira, 5 de julho de 2011

Alunos pedem afastamento de professor suspeito de racismo no MA


05/07/2011 02h10 - Atualizado em 05/07/2011 02h10
Professor da Universidade Federal teria ofendido um estudante nigeriano.

Reitor abriu processo interno e pediu ao MP para apurar o caso.

Do G1, com informações do Jornal da Globo
 Alunos da Universidade Federal do Maranhão fizeram um abaixo-assinado na internet. Já são mais de 3,5 mil pessoas pedindo o afastamento de um professor suspeito de racismo pelos alunos do curso de engenharia química.
“Se você usa seu poder para, de alguma forma, inferiorizar o ser humano você está sendo preconceituoso e não está tendo a postura que um professor deveria ter”, diz a universitária Loydi Santos.
As ofensas teriam sido dirigidas ao estudante nigeriano Nahy Ayuba. “Tem um dia que eu tirei nota baixa e ele falou que tenho que voltar para a África. Outro dia, ele disse que somos de mundos diferentes, aqui são civilizados. Aí eu me senti muito mal”, diz Ayuba.



Nahu Ayuba abriu um processo criminal contra o professor, que tentou justificar seus comentários. “Mesmo que você seja negro, mas você tem que ter aquelas maneiras dentro da sua formação acadêmica, dentro do seu dia a dia; aquela maneira de mostrar o seu valor independente de qualquer raça ou espécie”, afirma o professor Jorge Clóvis Verde Saraiva.
Em nota, o reitor da universidade disse que, se confirmadas as denúncias, o comportamento do professor será considerado lamentável e vergonhoso. Afirmou ainda que abriu um processo interno para investigar em detalhes o que aconteceu e pediu ao Ministério Público que também entre no caso.

domingo, 3 de julho de 2011

"Fiquei espantado", diz Chico Buarque sobre comentários na web

30/06/2011 - 17h41

"Fiquei espantado", diz Chico Buarque sobre comentários na web



DE SÃO PAULO


"A primeira vez que vi esses comentários na internet, não sabia como era o jogo ainda e fiquei espantadíssimo", disse o cantor e compositor Chico Buarque, em um vídeo divulgado pelo site Chico: Bastidores.
"Hoje em dia, [com] essa coisa de internet, as pessoas falam o que vem à cabeça", disse.
Buarque lembrou o episódio em que viu, pela primeira vez, comentários sobre si na internet. "O comentário dizia: 'O que é que o álcool não faz com umas pessoas'. O que é uma injustiça, porque eu já nem bebo mais", disse, entre risos.
Veja os comentários de Chico sobre a internet aqui.
Daryan Dornelles/Folhapress
O cantor e compositor Chico Buarque
O cantor e compositor Chico Buarque




http://www1.folha.uol.com.br/tec/937132-fiquei-espantado-diz-chico-buarque-sobre-comentarios-na-web.shtml

Jovens são presos suspeitos de racismo e agressão a negros em SP


03/07/2011 13h02 - Atualizado em 03/07/2011 13h50


Um dos cinco presos usava camiseta com a inscrição ‘orgulho branco’.
Também foram apreendidos facão e machado, diz Secretaria da Segurança.

Do G1 SP
Cinco jovens foram presos pela Polícia Civil em São Paulo por suspeita de racismo e agressão a negros na região central da capital durante a madrugada deste domingo (3). A informação é da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
Segundo a secretaria, junto com os suspeitos, que têm idades entre 18 e 21 anos, também foram apreendidos um facão, um machado, quatro punhais, três jaquetas e uma camiseta com a inscrição em inglês "White Pride" (orgulho branco, na tradução para o português).
De acordo com a Secretaria da Segurança, policiais civis da 1ª Delegacia Seccional passavam de carro pela Rua Vergueiro, na região da Aclimação, quando um homem de 34 anos acenou pedindo ajuda por volta da 1h deste domingo. Ele disse que tinha sido agredido por um grupo de jovens, que também bateram em mais três de seus amigos.
Os suspeitos foram presos em seguida pelos policiais, que os conduziram ao 5º Distrito Policial, na Aclimação, onde o caso foi registrado.
Um estudante de 21 anos de idade e um orientador socioeducativo de 19, que são negros, manifestaram o desejo de representação pela injúria racial contra os suspeitos. Os presos foram indiciados por tentativa de homicídio, formação de quadrilha e injúria racial. Eles permanecerão presos à disposição da Justiça, segundo a Secretaria da Segurança.
G1 não teve acesso aos suspeitos. De acordo com a secretaria, os presos ainda não constituíram advogados para defendê-los das acusações.

Grupo indígena executa seis pessoas na Guatemala


02/07/2011 21h36 - Atualizado em 03/07/2011 01h18

Grupo indígena executa seis pessoas na Guatemala

Membros de comunidade indígena no norte mataram suspeitos de assassinato de comerciante local, segundo oficiais.

Da BBC
Seis pessoas foram linchadas e mortas por membros de uma comunidade indígena no norte da Guatemala, segundo oficiais.
Serviços de emergência locais disseram que moradores de San Pedro Carcha, na província de Alta Verapaz, levaram cinco homens e uma mulher para uma plantação de milho onde eles foram linchados, vendados e mortos a tiros.
Os moradores da comunidade suspeitavam que as seis pessoas tivessem matado um comerciante local.
Promotores públicos guatemaltecos afirmam que 194 pessoas foram linchadas no país desde 2004, principalmente em áreas onde há pouca presença policial.
O Escritório de Promotores pelos Direitos Humanos da Guatemala diz que os casos de linchamento vem aumentando a cada ano, com um especial crescimento em comunidades indígenas, onde há pouca confiança nas autoridades.
Neste caso, os moradores de San Pedro Carcha localizaram um homem conhecido como 'O Palhaço', que eles acreditavam estar por trás no assassinato do comerciante Nicholas Choc, que ocorreu na última quinta-feira (30).
Eles surraram o suspeito até que ele confessou o crime e revelou os nomes de cinco supostos cúmplices, que também foram apreendidos e assassinados pelos indígenas.
A polícia disse que residentes locais impediram a entrada de policiais na vila, mas permitiram que os serviços de emergência levassem os corpos até o necrotério.

sábado, 2 de julho de 2011

Estado laico, mídia pública e diversidade religiosa

Estado laico, mídia pública e diversidade religiosa


02 de julho de 2011
Correio Braziliense | Opinião | BR
TEREZA CRUVINEL
Presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)

Nos últimos dois dias, a representação da Unesco no Brasil e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) realizaram, em Brasília, seminário internacional sobre as mídias públicas e os desafios deste século 21. Estiveram conosco profissionais e especialistas do Brasil e do exterior, destacando-se, entre estes, Toby Mendel, Alicia Shepard, Tarja Turtia, Betina Peters. Aos poucos, a comunicação pública vai entrando na agenda brasileira com mais naturalidade. Começa a ser discutida como na Europa e nos Estados Unidos, onde é tratada como elemento da democracia e não como instrumento partidário ou aparatista.
Discutiu-se financiamento, modelos de gestão, garantias de independência editorial, qualidade dos conteúdos e formas de participação da sociedade, entre outras singularidades da mídia pública. Uma questão, que nem estava no programa, foi abordada muito lateralmente. Falo da polêmica sobre a presença de programas religiosos na programação de emissoras públicas, de rádio e TV.
É sabido que, faz pouco tempo, o Conselho Curador da EBC determinou que tiremos do ar as missas transmitidas pela TV Brasil e pela Radio Nacional de Brasília, e ainda outros dois programas, um evangélico e outro católico, transmitidos pela TV Pública. Falou-se muito, no Conselho, que o Estado é laico, devendo a laicidade prevalecer também na grade de uma emissora pública cujo maior financiamento é estatal. Falou-se, também, que apenas duas religiões eram favorecidas, o que é verdade, e não é correto mesmo. O conselheiro João Jorge, da Bahia, muito protestou contra a ausência de espaço para as religiões de raiz africana. Fui voz vencida, já que voto não tenho ali. Voto tinha e foi também vencido o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira. Como ele, penso que o Estado deve ser laico, mas que a sociedade, em si, não é laica. É diversa. É cultural, social, econômica e religiosamente diversa.
O Estado deve ser laico exatamente para que, em sua atuação, voltada para todos os cidadãos, não se torne seguidor ou partidário de nenhuma religião. Se o Estado adota um credo, fatalmente discriminará quem adota outros. Deve ser laico não porque deve ser "contra" a religião, e sim porque deve ficar fora dessa esfera, respeitando o direito de todos à opção religiosa, na sociedade livre marcada pela diversidade.
Essa laicidade do Estado deve ser observada pela escola, pelo sistema de saúde e pelos demais serviços garantidos a todos os cidadãos, sem distinção de cor, origem social, credo político ou religioso. Mas não pelos serviços de radiodifusão pública que, onde melhor floresceram, como na Europa, têm compromisso com a expressão da diversidade e da pluralidade. Sendo públicos, estão a serviço da sociedade (não do governo ou do Estado). Desses canais deve-se cobrar é a garantia de espaço para todos os credos. A TV Brasil e a Rádio Nacional herdaram programas que atendem a apenas duas religiões e, na minha opinião pessoal, deveriam garantir também espaço para seguidores do espiritismo, da umbanda, do candomblé e de outras religiões de grande penetração.
Exprimo tal opinião apenas como reverência à liberdade de expressão. O marco legal do sistema público gerido pela EBC, a Lei nº 11.652/2008, prevê a supremacia do Conselho Curador em decisões sobre a programação dos canais. Nós, dirigentes da EBC, cumpriremos a determinação, que prevê ainda a apresentação, até setembro, de uma proposta de programa que busque expressar, debater e informar sobre o universo religioso brasileiro. Será difícil, mas nada foi fácil até aqui. Houve uma consulta pública sobre o assunto, meses atrás, mas o baixo número de pessoas que se manifestaram pela internet não lhe confere caráter plebiscitário. O debate, portanto, ainda voltará, como ocorreu agora no Seminário EBC-Unesco.
A sociedade brasileira vem enfrentando temas espinhosos com desenvoltura crescente e produzindo soluções que elevam nosso padrão democrático e civilizatório. Há pouco o STF liberou as marchas a favor da descriminalização da maconha. Atendeu uma fração minoritária da sociedade, certamente, mas atendeu a diversidade. No Congresso, discutimos uma reforma política que, agora ou mais tarde, terá de ser aprovada adotando o financiamento público das campanhas eleitorais. Assim, vamos marchando, e isso é que importa.