segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mesquita é profanada com suásticas na França

Mesquita é profanada com suásticas na França

TOUL, França — Uma mesquita foi profanada em Toul, no nordeste da França, com inscrições racistas, suásticas e uma cabeça de porco pregada na porta, informou nesta quarta-feira uma fonte envolvida na investigação.

A polícia prendeu rapidamente dois jovens suspeitos de cerca de 20 anos, anunciou a secretária de Estado para a Família e a Solidariedade, Nadine Morano, que "condenou firmemente estas violências inaceitáveis".

Segundo uma fonte envolvida na investigação, os dois teriam sido flagrados poucas horas depois em Liverdun (nordeste) pintando suásticas nazistas na entrada de um restaurante árabe.

O local de culto, que tem uma sala de orações e salas de aula, foi inaugurado há cerca de 20 anos. "Nunca tivemos problemas até então", declarou Ichou Amzil, tesoureiro da associação socio-cultural dos magrebinos de Toul, uma cidade perto de Nancy.

Para Morano e a prefeita de Toul, Nicole Feidt, a profanação pode ser uma ação de represálias: o apartamento de um padre foi apedrejado recentemente no mesmo bairro.

O Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM) expressou "sua forte indignação frente a esta nova agressão racista e xenófoba", e conclamou as autoridades a "fazer de tudo para prender os autores" da profanação.

“Tintim no Congo” retirado da biblioteca de Brooklyn por ser considerado racista



Livro está numa sala fechada à chave
“Tintim no Congo” retirado da biblioteca de Brooklyn por ser considerado racista
20.08.2009 - 12h28 Simão Martins
Uma petição dos sócios da biblioteca fez com que segundo livro das aventuras de Tintim fosse relegado para uma secção que não é de livre acesso ao público. A partir de agora, quem quiser consultar “Tintim no Congo”, terá mais dificuldade em fazê-lo do que em relação a “Mein Kampf”, de Adolf Hitler, revela o “The New York Times”.

O sócio da biblioteca que fez a reclamação queixa-se de que “o livro é racialmente ofensivo para as pessoas negras; a representação de negros que parecem macacos é ofensiva; culturalmente, já evoluímos bastante mais para além dessa representação”. Outra justificação apresentada para o perigo conteúdo subliminar das aventuras do jovem repórter foi a de que “o maior problema com Tintim é precisamente a sua cara amável e a sua vertente infantil, que é o que torna os seus conteúdos equívocos mais perigosos”.

O procedimento? Muito simples. Preenche-se um formulário, justifica-se e argumenta-se a origem da reclamação e o livro é retirado do acesso ao público. Para o consultar, é necessário preencher uma ficha e aguardar alguns dias, já que o livro se encontra numa sala fechada à chave.

Segundo o jornal americano, o livro já teve, no entanto, algumas alterações relativamente à sua edição original, de 1931. Nessa edição, refere o espanhol “ABC”, os nativos congoleses falavam uma variante de francês, o patois, “com sérias limitações linguísticas, apresentando-os como pessoas quase sem sofisticação e requinte praticamente impossível". Na versão a cores, editada posteriormente, os nativos já estavam familiarizados com a matemática e falavam mais fluentemente, o que significava uma atenuação das características apresentadas na primeira versão.

Qual é, afinal, o critério para a exclusão?
Num país em que a liberdade de expressão é um dos valores inquebráveis da sociedade, também as questões raciais levantam, frequentemente, discussões deste género. No entanto, “Mein Kampf” ("A Minha Luta", em português), de Hitler, está colocado à disposição do público para leitura. Este livro, considerado a base de toda a acção de Hitler e do nazismo, tenta provar a existência de uma raça superior a todas as outras e, por isso, perfeita (ariana).

Na prática, a queixa deste leitor da biblioteca de Brooklyn fez com que um livro cuja ideologia levou ao extermínio de milhões de judeus seja mais facilmente consultável do que “Tintim no Congo”, de Hergé. Até agora, ninguém apresentou qualquer queixa sobre o livro de Hitler, editado em 1926. A American Library Association afirma, no seu site, que não “podem excluir-se materiais e recursos mesmo que sejam considerados ofensivos para a biblioteca ou para os leitores”. E acrescenta: “a tolerância é insignificante se não houver tolerância perante o que muitos possam considerar detestável”.


http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1396957