sábado, 18 de abril de 2009

Queixas a Obama marcam primeiros dias de Cúpula

Presidente americano ouve críticas sobre 'ingerência' e sobre a crise econômica.
Da BBC
Desde que chegou a Port of Spain, em Trinidad e Tobago, na sexta-feira à tarde, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já ouviu inúmeras queixas dos chefes de Estado presentes na Cúpula das Américas - de acusações sobre a "ingerência americana" em seus países até a "culpa", mais recente, pela crise financeira.

Os líderes tomaram o cuidado de não culpar especificamente o presidente americano. Mas, ainda assim, Obama teve de ouvir um apanhado de críticas à "postura histórica" dos Estados Unidos em relação à América Latina.

A artilharia de críticas começou com a presidente da Argentina, Cristina Kirschner, na abertura do evento. Segundo ela, a relação dos Estados Unidos com a América Latina foi, durante décadas, "traumática", o que resultou em "ditaduras" e "intervenções militares".

"Quero dizer ao presidente Obama que de maneira nenhuma isso significa uma crítica a ele. Mas sim um exercício de compreensão das coisas pelas quais temos passado", disse.

Cristina arrancou os primeiros aplausos da plateia quando classificou de "paradoxo" a expulsão de Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Logo em seguida foi a vez de o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, tecer uma série de acusações ao governo americano. Em um discurso de quase uma hora, Ortega descreveu com detalhes a "ingerência" dos Estados Unidos sobre o processo político da Nicarágua na década de 80.

Ortega também levantou a questão cubana. "Tenho vergonha de estar aqui nessa cúpula sem a presença de Cuba", disse. Mas acrescentou que o presidente Obama "obviamente não tinha culpa, já que tinha apenas três meses na época da Revolução Cubana".

Lula
Apesar das acusações aos Estados Unidos, Obama reagiu com presença de espírito. "Fico feliz que o presidente Ortega não me culpe por coisas que aconteceram quando eu tinha três meses de idade", disse, descontraindo a plateia.

A avaliação geral na Cúpula é de que o líder americano soube contornar "muito bem" as cobranças. "Ele de forma alguma parece constrangido", disse um funcionário da OEA.

Pela manhã, Obama esteve reunido com os 12 chefes de Estado que formam a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Um dos temas foi a crise econômica. O presidente Lula, por exemplo, sugeriu que os Estados Unidos ampliassem a ajuda financeira aos países mais pobres da região.

De acordo com o chanceler Celso Amorim, que acompanhou o encontro, o clima da reunião foi "bastante cordial".

Mesmo com as intervenções do presidente venezuelano Hugo Chávez, que cobrou "mudanças" no comportamento da administração americana, a avaliação de Amorim é de que "não houve constrangimentos".

"O presidente Obama é, obviamente, um excelente político e tem uma característica que é uma grande capacidade de ouvir e refletir sobre o que ouve", disse o chanceler brasileiro.

Em seu discurso de abertura, Obama sugeriu que os líderes do hemisfério "olhassem para o futuro" e que não ficassem presos a "desavenças do passado".

"Com frequência, a oportunidade de se construir uma nova parceria nas Américas é prejudicada por discussões ultrapassadas", disse o presidente americano.
Chávez
Já as críticas de Chávez aos Estados Unidos foram menos contundentes do que se esperava.

Segundo a Agência Bolivariana de Notícias (ABN), o presidente da Venezuela disse que os Estados Unidos devem "romper com essa concepção que somos seu quintal".

No entanto, o líder venezuelano elogiou a postura de Obama durante os encontros na Cúpula. Segundo ele, o presidente americano teria se mostrado "interessado" nas palavras dos outros chefes de Estado, que apresentaram suas "inquietudes".

"Que bom que Obama tenha tomado nota e que responda a algumas de nossas interrogações", disse Chávez.

A postura amistosa de Chávez em relação a Obama foi considerada uma surpresa. A foto dos dois líderes se cumprimentando, na abertura a Cúpula, foi estampada no portal do governo venezuelano, sob o título "cumprimento histórico entre presidentes Obama e Chávez".

18/04/09 - 20h54 - Atualizado em 18/04/09 - 20h5

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Brasil apóia texto base e tentará convencer EUA a participar da conferência

A indicação da delegação governamental do Brasil para a relatoria da Conferência de Revisão de Durban foi aceita pela mesa diretora do comitê de preparação da reunião, que será realizada na próxima semana, em Genebra, na sede das Nações Unidas (ONU).
O relator será o brasileiro Iradj Roberto Eghrari, diretor-executivo da organização não-governamental Ágere Cooperação em Advocacy e secretário nacional de ações com a sociedade e governo da Comunidade Bahá´í. Ele estará responsável pela preparação do relatório final da conferência, com os resultados das negociações finais.
“Sinto-me honrado com a indicação feita pelo governo brasileiro e tenho a certeza de que o protagonismo desempenhado pelo Brasil no campo da promoção da igualdade racial e do combate ao racismo é que dá devida legitimidade para que um representante do nosso país assuma tal tarefa”, afirma Eghrari.
Esta é a segunda vez que o Brasil ocupa a relatoria da conferência. A psicóloga e atual coordenadora da Coordenadoria da Mulher e de Igualdade Racial de Guarulhos (SP), Edna Roland, foi relatora da Conferência de Durban, na África do Sul, há oito anos.
Segundo ela, o Brasil teve um papel fundamental na preparação da atual Conferência de Revisão, o que justifica assumir o protagonismo na relatoria a partir deste momento.