quarta-feira, 17 de março de 2010

O Globo e a sua seletividade comercial

O Globo e a sua seletividade comercial
http://humbertoadami.blogspot.com/2010/03/o-globo-e-sua-seletividade-comercial.h\
tml

Acredito que deva ser pensada uma forma de denúncia internacional, mais
eficiente que a mera representação ao MP, de duvidosa efetividade, mais ainda
pela restrita geografia da mesma, ou seja RJ. Falo de cadeira, como um
especialista comprovado no assunto. O que aconteceu foi muito grave, mais ainda
pelo espaço dado ao senador goiano, que fez uma verdadeira "galinhada com
piqui", na sessão do STF. É preciso ter mais informação de Goiás e a
discriminação racial por lá. As redes de denúncia devem ser utilizadas para esse
verdadeiro atentado ä democracia, à liberdade de imprensa, com abuso do poder
economico, diga-se, financiado com dinheiro do FGTS, como lembraria o finado
Brizola, tempos atrás. Abdias Nascimento poderia subscrever uma denúncia de um
"Sitiado na Glória", e mandarmos para toda a imprensa internacional. O Diretor
comercial deve ser sumáriamente demitido, com pedido de desculpas da rede, ou
conglomerado. Há um caso clássico, no meio ambiente, utilizado pelo Greenpeace,
mas nenhum com o atrevimento semelhante. Estarei impedido de me envolver, em
face de deveres funcionais óbvios, mas quero expressar meu repúdio à atitude
abusiva do periódico, que contribuiu para a desinformação de todos, em especial
seus leitores, em feito digno da propaganda hitlerista. Isto náo corresponde à
liberdade de imprensa. E nosso dinheiro vale menos lá.
Humberto Adami
http://br.groups.yahoo.com/group/discriminacaoracial/message/57194

terça-feira, 16 de março de 2010

Entidades solidarizam-se com jornalistas e condenam agressões e discriminação

16/03/2010 | 17:08
Entidades solidarizam-se com jornalistas e condenam agressões e discriminação

Após o repúdio do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e da FENAJ ao artigo “O jornalismo delinquente”, onde o sociólogo Demétrio Magnoli ataca os jornalistas Laura Capriglione e Lucas Ferraz, autores da reportagem “DEM corresponsabiliza negros pela escravidão”, publicada na Folha de São Paulo no dia 4 de março, as comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojiras) do país solidarizaram-se com os colegas. A matéria referia-se às declarações do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) contra as políticas de ação afirmativa e reservas de vaga no ensino superior em audiência pública no STF.

Em nota emitida no dia 10 de março e publicada no site do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, as entidades sindicais condenam o texto “O jornalismo delinquente”, publicado na Folha de São Paulo no dia 9 de março, onde Magnoli atinge os jornalistas usando palavras e expressões como “delinquente”, “panfleto”, “repórteres engajados”, “repórteres a serviço de uma doutrina”, “jornalismo que abomina os fatos”, “delinquência histórica dos repórteres”, “falsificação”, “manipulação” e “mentira”. Condenam, também, o jornal “por publicar um texto com termos ofensivos e inaceitáveis contra seus próprios funcionários”. E manifestam preocupação com “a tentativa de setores conservadores e empresariais de coibirem, em um ano eleitoral, o livre e correto exercício do jornalismo”.

Já na manifestação de solidariedade aos profissionais Laura Capriglione e Lucas Ferraz, as Cojiras sentenciam que “O debate no STF mostrou o que muitos veículos de comunicação, inspirados nos ‘ideólogos do medo’, não tornavam público”. E sustentam que “Os profissionais de comunicação enfrentam agora o desafio de investigar a realidade étnico-racial do país e revelar os efeitos de processos racistas históricos e estruturantes, que impedem a inserção de negros e negras no ambiente universitário”.

Veja, a seguir, a íntegra do texto lançado pelas Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial.

Nota: Solidariedade aos jornalistas da Folha de São Paulo
As comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojiras), ligadas aos sindicatos da categoria, vêm a público repudiar o ataque sofrido pelos repórteres Laura Capriglione e Lucas Ferraz, autores de reportagem publicada na Folha de S. Paulo sobre a audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir as políticas públicas de ação afirmativa e reservas de vaga no ensino superior.

Em artigo publicado no mesmo veículo, os jornalistas foram acusados pelo sociólogo Demétrio Magnoli de agir na “linha da delinquência” ao tratar de pronunciamento feito pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Em seu discurso contrário às cotas no STF, o parlamentar afirmou que os africanos foram co-responsáveis pelo tráfico de escravos e minimizou a violência sexual sofrida por mulheres negras.

“[Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. [Fala-se que] foi algo forçado. Gilberto Freyre, que é hoje renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual."

As Cojiras entendem que os jornalistas da Folha de S. Paulo atuaram de maneira responsável no livre exercício da profissão, reportando de maneira fidedigna o pronunciamento feito pelo senador do partido Democratas no STF.

A reação à matéria jornalística por meio de artigo opinativo beira à intimidação e torna evidente o esforço de alguns intelectuais para justificar qualquer incoerência de quem se opõe às ações afirmativas no Brasil.

Estudos feitos pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) e o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) são contundentes em mostrar que a maior parte dos grandes veículos de comunicação, em editoriais e reportagens, tem se posicionado de maneira contrária às cotas, estigmatizando negativamente pesquisadores e ativistas favoráveis ao sistema recomendado pelas Nações Unidas (ONU).

A audiência pública no Supremo Tribunal Federal tornou insustentável o posicionamento de algumas redações, que até então se negavam a procurar fontes qualificadas sobre as ações afirmativas no ensino superior, inclusive reitores e coordenadores de processos seletivos que atestam a relevância do sistema.

O debate no STF mostrou o que muitos veículos de comunicação, inspirados nos "ideólogos do medo”, não tornavam público. Os profissionais de comunicação enfrentam agora o desafio de investigar a realidade étnico-racial do país e revelar os efeitos de processos racistas históricos e estruturantes, que impedem a inserção de negros e negras no ambiente universitário.

A sociedade brasileira exige informação qualificada sobre o assunto e deseja conhecer a opinião dos dois lados desta discussão. Seja ela qual for.

Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojiras) do Distrito Federal, Alagoas, Bahia, Paraíba, Rio de Janeiro (capital) e São Paulo / Núcleo de Jornalistas Afrodescendentes do Rio Grande do Sul (todos ligados aos sindicatos locais). Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conjira) ligada à FENAJ
http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=2987

A Prefeitura do Rio derrubou um Terreiro de Candomblé

A Prefeitura do Rio derrubou um Terreiro de Candomblé

Religiosos vão denunciar ao Ministério Público: querem novas posturas para a cidade
Intolerância acontece na véspera da Comissão de Religiosos completar dois anos!

QUE FATOS SÃO ESSES?

Na véspera de completar dois anos de atuação (amanhã, 17/03, na paróquia Santa Bernadete), a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa ficou surpresa com a intolerância que assola o Rio de Janeiro. A Prefeitura do Rio derrubou um templo afrobrasileiro (barracão e casa de Exu) no Grajaú, Zona Norte do Rio. A “Operação Choque de Ordem” alegou que o templo estava em área de risco. O sacerdote Marcelo de Paula – que estava com Yawo (religioso em processo iniciativo) e com dois Ogans e Ekedjis (sacerdotes) recolhidos para Obrigação – teve que suspender os rituais.

O templo Ilé Axé Kafun Legi Omin D´Umzambe (de tradição Bantu) funcionava no local há mais de 20 anos. A CCIR - Comissão de Combate à Intolerância Religiosa vai entrar com denúncia ao Ministério Público Estadual pedindo investigação sobre a derrubada do Terreiro. A Lei de Inviolabilidade de Templos também vale para Barracões de Candomblé e Terreiros de Umbanda.

EXIGIMOS NOVO LOCAL PARA O CULTO

Religiosos querem mudanças no Código de Posturas da Cidade e novo local para culto. A CCIR - Comissão de Combate à Intolerância Religiosa entra amanhã (17 de março) com representação no Ministério Público para pedir um inquérito público contra a Prefeitura do Rio. “Estamos falando de um local sagrado. [...] São feitos vários rituais para preparar o local para os cultos. É uma violência física e simbólica contra os praticantes das religiões de matriz africana. Queremos que a Prefeitura determine um novo local para a reconstrução do barracão. É o mínimo que pode ser feito”, declarou o porta-voz da CCIR - Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Babalawo Ivanir dos Santos. Para o coordenador jurídico de atendimento às vítimas da CCIR, Carlos Nicodemos, está [evidente] a intolerância. “Templo religioso é inviolável. Vamos fazer a Representação ao MP, solicitando abertura de um Inquérito Civil para apurar a violação ao direito de manifestação religiosa das pessoas, em razão da forma como a Prefeitura operou [...].

FLAGRANTE DESRESPEITO À CONSTITUIÇÃO

O Artigo 129, III da Constituição Federal de 1988, diz: "São funções do MP: II - Promover o inquérito civil e ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

DOR E ALUGUEL SOCIAL DE R$ 250,00

O fato, ocorrido em 03 de março de 2010, chegou ao conhecimento dos religiosos da CCIR - Comissão de Combate à Intolerância Religiosa na tarde de ontem (15 de março). “Não sabia o que fazer. Estou no mesmo lugar há mais de 20 anos e nunca tive problemas. Eles destruíram tudo: o barracão, a casa de Exu e minha dignidade. Ofereceram um aluguel social de R$ 250,00... Como é que eu vou encontrar um outro local para realizar os cultos de Orixá?”, perguntava o sacerdote Marcelo de Paula.

MEMÓRIA

A derrubada do terreiro no Grajaú fez com que os religiosos cariocas lembrassem de ação semelhante executada pela Prefeitura de Salvador, em 2008. Em fevereiro daquele ano, a Superintendência de Obras Públicas da Cidade botou abaixo o terreiro de Mãe Rosa, na periferia da cidade. O MP baiano interveio e a Prefeitura de Salvador teve que reconstruir o templo e ainda indenizar a sacerdotisa.

DOIS ANOS DE LUTA

Amanhã, 17 de março, às 15h, a CCIR - Comissão de Combate à Intolerância Religiosa “comemora” dois anos na paróquia Santa Bernadete (Av. do Democráticos, 896 – Higienópolis). Vai reunir rabinos, sacerdotes afrobrasileiros, padres, muçulmanos, freis, evangélicos, devotos de Krishna, budistas, ciganos e autoridades para fazer um balanço de suas atividades em 2009. As conquistas são muitas, mas ainda tímidas, diante da realidade de intolerância religiosa na sociedade.

A PARTE DO GOVERNO DO ESTADO

O Governador ainda não assinou o Decreto de criação do Núcleo da Polícia Civil – O Núcleo de Combate à Intolerância Religiosa (NCIR), que funciona desde 21 de janeiro, no antigo prédio da Polinter (Gamboa), com funcionamento precário. Tudo porque o governador Sérgio Cabral ainda não publicou no DO a estrutura que será destinada ao Órgão. Apenas um delegado está trabalhando para dar conta da demanda.

Para mais informações:
Comissão de Combate à Intolerância Religiosa
Tel: 21-2273-3974 / 21-9290-5933
Rosiane Rodrigues

Destruir a obra Míriam Leitão e Alvaro Gribel -

7.3.2010
|
15h00m

COLUNA NO GLOBO
Destruir a obra
Enviado por Míriam Leitão e Alvaro Gribel -
É a temporada. Tempo de sofismas e argumentos tortos. Tempo das mesmices repetidas com ares de descobertas recentes. Hora de escapar do debate sobre a questão racial brasileira. Não precisava ser assim. Podia ser um tempo de avanços. Mas os que negam o racismo brasileiro preferem esse cerco à inteligência, ao óbvio, ao progresso.
Num ambiente negacionista, foi um alívio ouvir as explicações simples e diretas da secretária de Estado americana Hillary Clinton na Faculdade Zumbi dos Palmares, onde escolheu debater com estudantes. Hillary defendeu as ações afirmativas dizendo que, com elas, os EUA estão deixando para trás os vestígios da escravidão:
— Temos feito um grande progresso com as ações afirmativas em aumentar as oportunidades na educação, no emprego para os afro-americanos. Elas são o reconhecimento de que as barreiras históricas criam um funil que impede o acesso do grupo discriminado a níveis superiores de educação. É preciso alargar a entrada e deixar mais gente entrar. O talento é universal, mas as oportunidades, não. O acesso na universidade não é, no entanto, a garantia da graduação.
Hillary contou que, como professora de Direito, percebeu que muitos alunos que entraram por ação afirmativa tiveram dificuldades maiores pelas falhas da educação anterior. Ela se dedicou a esses alunos no sistema tutorial:
— Simplesmente não podemos aceitar os estudantes na universidade para deixar que eles falhem. Eles têm que ser ajudados.
O sistema americano é diferente do nosso, mas discriminação é parecida em qualquer país do mundo. Ela barra com obstáculos sutis ou explícitos, negados ou assumidos, a ascensão de grupos discriminados por qualquer motivo, racismo, sexismo, ou outras intolerâncias. Lá, eles não têm cotas, não têm vestibular; o sistema, como se sabe, é o de application, o de se candidatar a uma vaga apresentando suas credenciais escolares. Ao avaliar quem entra, as escolas dão pontuação maior a quem vem de um grupo discriminado. Cada universidade tem um critério, um método e uma meta diferente, mas todas buscam um quadro de alunos com diversidade. Os alunos com menos chance de estar lá têm preferência nas bolsas para as caríssimas universidades privadas americanas.
— Estou muito orgulhosa das conquistas dos últimos 50 anos do movimento dos direitos civis, pelos que lutaram como Martin Luther King e outros, mas não posso dizer que o meu país não tem racismo, não tem sexismo — disse a mulher que comanda a mais poderosa diplomacia do mundo e é chefiada por um negro, que preside o maior país do mundo. Ela não vê a sua ascensão, nem a do presidente Obama, como provas de que não há barreiras para negros e mulheres.
Essa sinceridade é encantadora porque é rara no Brasil. Esse reconhecimento da existência do problema, e de que ele é vencido por ações concretas de políticas públicas e de empresas, dá esperança.
No Brasil, o esforço focado nos negros é chamado de discriminação. E os brancos pobres? Perguntam. Eles estão também nas ações afirmativas, e nas cotas, mas o curioso é que só se lembre dos brancos pobres no momento em que se fala em alguma política favorável a pretos e pardos.
É temporada da coleção de argumentos velhos que reaparecem para evitar que o Brasil faça o que sugeriu Joaquim Nabuco, morto há 100 anos, em frase memorável: "Não basta acabar com a escravidão. É preciso destruir sua obra."
Diante de qualquer proposta para reduzir as desigualdades raciais, principal obra da escravidão, aparece alguém para declamar: "Todos são iguais perante a lei." E são. Mas o tratamento diferenciado aos discriminados existe exatamente para igualar oportunidades e garantir o princípio constitucional.
O senador Demóstenes foi ao Supremo Tribunal Federal com um argumento extremado: o de que os escravos foram corresponsáveis pela escravidão. "Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para a Europa. Não deveriam ter chegado na condição de escravos, mas chegaram. Até o princípio do século XX, o escravo era o principal item de exportação da pauta econômica africana."
Pela tese do senador, eles exportaram, o Brasil importou. Simples. Aonde o crime? Tratava-se apenas de pauta de comércio exterior. Por ele, o fato de ter havido escravos na África; conflitos entre tribos; tribos que capturavam outras para entregar aos traficantes, e tudo o mais, que sabemos, sobre a história africana, isenta de culpa os escravizadores. Trazido a valor presente, se algumas mulheres são vítimas de violência dos maridos, isso autoriza todos a agredi-las. Ou se há no Brasil casos de trabalho escravo e degradante, isso permite aos outros povos que façam o mesmo conosco. Qual o crime? Se brasileiros levam outros brasileiros para áreas distantes e, com armas e falsas dívidas, os fazem trabalhar sem direitos, qualquer povo pode escravizar os brasileiros.
O senador Demóstenes é um famoso sem noção e com ele não vale a pena gastar munição e argumentos. Que ele fique com sua pobreza de espírito. O que me incomoda é a incapacidade reiterada que vejo em tantos brasileiros de se dar conta do crime hediondo, do genocídio que foi a escravidão brasileira. Não creio que as ações afirmativas sejam o acerto com esse passado. Não há acerto possível com um passado tão abjeto e repulsivo, mas feliz é a Nação que reconhece a marca dos erros em sua história e trabalha para construir um futuro novo. Feliz a Nação que tem, entre seus fundadores, um Joaquim Nabuco, que nos aconselha a destruir a obra da escravidão.

http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2010/03/07/destruir-obra-272069.asp

Site “Verdade Cristã” terá de se reparar por ter veiculado informações discriminatórias

Segunda-feira, 1º de março de 2010

12h00 - Site “Verdade Cristã” terá de se reparar por ter veiculado informações discriminatórias

O site Verdade Cristã (www.verdadecrista.com.br), de Severino Francisco dos Santos, terá de reparar os danos causados após veiculação de material de teor discriminatório ao segmento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) e aos adeptos de religiões de matriz africana, durante a campanha eleitoral de 2008. Esta resolução foi firmada em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o dono da “homepage” e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), através do promotor de Justiça e Defesa da Cidadania com atuação em Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Westei Conde y Martin Júnior. Os intervenientes foram a Uiala Mukaji Sociedade das Mulheres Negras de Pernambuco e a Associação Brasileira de Yalorixás e Babalorixás do Estado de Pernambuco (Abycabepe).

O site terá de veicular, no período de 5 de abril a 15 de novembro deste ano, nota de desagravo às religiões de matriz africana, legislação antidiscriminatória e antiracista e cópia do Termo de Ajustamento de Conduta, por meio de “link” específico. Os avisos devem ser escritos em fonte Arial, tamanho 12 e espaçamento entre linhas simples, de maneira que seja assegurada a leitura correta dos textos, na forma que forem entregues pelo MPPE e pelos intervenientes ao compromitente. O não cumprimento das obrigações e dos prazos constantes no TAC pelo dono do site acarretará em multa diária no valor de mil reais, que será executada em favor do Fundo Estadual de Assistência Social ou ao Fundo Estadual de Combate ao Racismo, Discriminação Racial e Intolerância Religiosa.

Nota de desagravo – A nota, que foi publicada em anexo ao TAC no Diário Oficial do Estado deste sábado (27), foi redigida pelos representes da Sociedade das Mulheres Negras de Pernambuco e Abycabepe. Confira abaixo:

NOTA DE DESAGRAVO AS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E AFROBRASILEIRA PELA ATITUDE OFENSIVA DO SITE VERDADE CRISTÃ DURANTE A CAMPANHA ELEITORAL 2008 EM RECIFE-PERNAMBUCO

NÓS, adeptos das religiões de matriz africana e afrobrasileira em Recife/PE, popularmente chamada/o e conhecida/o por Xangô vimos manifestar nossa indignação pela atitude desrespeitosa do site Verdade Cristã com um símbolo do candomblé brasileiro – o fio de contas de Xangô utilizado pelo então candidato e hoje prefeito do Recife João da Costa, presente de Mãe Amara Mendes do Ilê Obá Aganjú Okoloyá – Dois Unidos, para fortificá-lo durante a campanha eleitoral de 2008.

Queremos afirmar a laicidade do Brasil que se constitui como um estado democrático de direito cujos objetivos fundamentais, entre outros, é o de "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, crença e quaisquer outras formas de discriminação".

A diversidade do povo negro brasileiro expressa a pluralidade das tradições e valores civilizatórios e éticos, trazidos por homens e mulheres africanos transportados a força do continente africano e aqui transformados em escravos, RES/Coisa na linguagem jurídica do código comercial. A ideologia racista que sustentou o escravagismo brasileiro por 4 (quatro) séculos foi disseminada na sociedade brasileira e até hoje se manifesta cotidianamente nas relações interpessoais e sociais, ferindo a liberdade de mais da metade da população brasileira.

Nossa tradição de resistência não tolera desrespeito e perseguição, muito menos cerceamento da liberdade de nos manifestarmos e portarmos símbolos de nossas tradições de terreiro. Exigimos Respeito e igualdade de oportunidades. O racismo avilta nossos direitos de usufruir plenamente dos benefícios universalmente construídos.

Esta Nota de Desagravo vem Reparar a violação de direitos que fomos vítimas ao vermos um de nossos símbolos serem tratados com escárnio e desrespeito.

Esse episódio deve ser emblemático para o Recife, cidade respeitada em todo o país por sua tradição libertária e multicultural, para que aprendamos o valor do respeito à diferença, seja ela qual for.

A Conferência de Revisão de Durban (abril/2009) "Expressa sua preocupação com o aumento, nos anos recentes, dos atos de incitação ao ódio que visam e afetam gravemente comunidades raciais e religiosas e pessoas pertencentes às minorias raciais e religiosas, seja envolvendo o uso de meios de comunicação impressos, audiovisuais ou eletrônicos ou quaisquer outros meios emanados de diversas fontes"

Basta de Racismo e Discriminação Racial!
Viva a Liberdade de Consciência, Crença e Culto!
Viva o Respeito à Diversidade!
Viva a Democracia!
Viva a PAZ!
KOSI OBA KAN Não existe um Rei
AFI OLORUM/OLÓDÚMARÈ Maior do que Deus
AXÈ

http://www.mp.pe.gov.br/index.pl/20100103_discrimina