segunda-feira, 27 de julho de 2009

Imigração e nacionalismo


São Paulo, segunda-feira, 27 de julho de 2009




LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

Imigração e nacionalismo


Aos imigrantes não resta alternativa senão lutar para que o país respeite seu direito ao multiculturalismo

A EMIGRAÇÃO dos povos pobres para os países ricos é hoje fenômeno social global que mostra o caráter inescapável do nacionalismo. O mundo seria mais belo se fosse uma grande comunidade e não existissem nações, mas isso só acontecerá quando as desigualdades diminuírem a ponto de se estabelecer um Estado mundial.
Enquanto isso não ocorrer, o nacionalismo estará entre nós e tanto poderá significar a legitimação do poder dos povos mais poderosos sobre os demais (imperialismo) quanto a ideologia necessária para que os povos mais fracos se defendam. Tanto poderá ser um nacionalismo étnico e agressivo quanto um patriotismo defensivo.
O nacionalismo é a ideologia de formação do Estado-Nação. Alguém é nacionalista se preenche duas condições: primeiro, se entende que é obrigação do governo de seu país defender os interesses dos seus habitantes e, segundo, se considera que, ao tomar decisões, esse governo deve pensar por conta própria em vez de se submeter aos conselhos e pressões dos países mais ricos. Assim definido, o nacionalismo é econômico e pode ser apenas defensivo. Já o nacionalismo econômico agressivo caracteriza os países ricos que exploram os mais fracos, mas seus cidadãos acreditam que os estão ajudando ou bem orientando.
Quanto ao nacionalismo étnico, é o nacionalismo perverso das pessoas e povos que discriminam de acordo com o critério da raça, da religião ou da origem nacional. É o nacionalismo que afirma que cada conjunto étnico homogêneo deve ter seu próprio Estado-Nação; é o nacionalismo que, ao rejeitar a imigração, se confunde com o nacionalismo econômico.
O nacionalismo econômico é inevitável porque o mundo e cada indivíduo estão organizados em famílias, organizações e países que competem e colaboram entre si. Dificilmente será reeleito um governo de um país rico se não tomar decisões de acordo com os interesses nacionais. Nesses países, o nacionalismo hoje é econômico e étnico. Poucos são os cidadãos que têm dúvida de qual seja o papel de seu governo, poucos são os que reconhecem a exploração dos países mais fracos, e muitos são aqueles que discriminam e rejeitam os imigrantes.
Todos defendem seus salários que sofrem concorrência do trabalho barato dos imigrantes, e felizmente um número muito menor defende sua "pureza étnica". Na Europa e no Japão, existe um verdadeiro cerco contra os imigrantes. Nos EUA, o quadro é apenas um pouco melhor. Na Itália, uma nova lei acaba de classificar a situação de imigrante clandestino como crime.
Os imigrantes ficam sujeitos não apenas a serem extraditados mas, adicionalmente, a cumprir pena por terem imigrado.
Existem naturalmente aqueles que não estão de acordo com essa discriminação, como mostra um belo filme francês em exibição em São Paulo, "Bem-Vindo". Na Europa, os partidos de esquerda resistem a essa discriminação, mas essa é talvez a principal razão por que têm tido maus resultados eleitorais.
Em certos casos, a única defesa contra o nacionalismo dos outros é o nosso nacionalismo, é nos organizarmos como Estado-Nação. Mas essa alternativa não existe para os imigrantes. Não lhes resta alternativa senão, de um lado, se integrarem nas sociedades para onde emigram e, de outro, lutar para que o país respeite seu direito ao multiculturalismo. Ambos são processos sociais e políticos difíceis, plenos de contradições. Enquanto não se completarem, haverá muito sofrimento dos imigrantes e muita tensão social nos países ricos.

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, 75, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Macroeconomia da Estagnação: Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994".

Internet: www.bresserpereira.org.br

bresserpereira@gmail.com


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2707200904.htm


Política externa forte dos EUA está de volta, diz Hillary

São Paulo, segunda-feira, 27 de julho de 2009






Política externa forte dos EUA está de volta, diz Hillary

Em entrevista a rede de TV americana, secretária de Estado defende histórico do presidente Obama em temas como Irã

Chefe da diplomacia afirma que ainda espera ver uma mulher eleita presidente no país, mas que não tem mais intenção de concorrer

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Com seis meses de governo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, fez um grande balanço de sua atuação no governo Barack Obama. Em entrevista à rede de TV NBC, Hillary deixou uma mensagem clara: a política externa forte americana está de volta.
"Esta foi minha mensagem quando fui para a Ásia: os EUA estão de volta, e nós estamos prontos para liderar", disse.
Na última semana, Hillary voltou ao noticiário sugerindo que o país pode armar os aliados na região do golfo Pérsico contra o Irã, caso ele persista com o programa nuclear. E foi alvo de críticas do governo da Coreia do Norte, que a classificou como "vulgar" e "pouco inteligente" após ela dizer que o país se comportava como uma criança em busca de atenção.
Hillary destacou como pontos principais nos primeiros seis meses o início do processo de retirada das tropas americanas do Iraque, a política de não proliferação nuclear, a criação de uma resposta conjunta com outras nações em relação às políticas adotadas pela Coreia do Norte e pelo Irã e o fortalecimento da relação com a Índia.
Segundo a secretária de Estado, a nova estratégia inclui a concentração de esforços em diversos assuntos importantes ao mesmo tempo.
"Nós estamos trabalhando em todos os lugares que podemos para deixar claro que os EUA não podem resolver todos os problemas do mundo sozinhos, mas o mundo não pode resolvê-los sem os EUA", disse.
Ela diz que os EUA querem negociar com a Coreia do Norte, mas que não pretendem recompensar meias medidas. "Eles se envolveram em uma série de ações de provocação nos últimos meses. O que nós, China, Rússia, Coreia do Sul e Japão e literalmente a unanimidade da comunidade internacional temos dito é que desta vez isso não vai funcionar." Para Hillary, Pyongyang representa uma ameaça para aliados como Japão e Coreia do Sul.
Ela comentou ainda sobre o "recomeço" das relações com a Rússia e a mudança de estratégia no Afeganistão.
Em relação ao Irã, disse que os EUA estão fazendo tudo que podem para evitar que o país desenvolva uma arma nuclear, mas não quis comentar se a proposta de armamento na região do golfo Pérsico, chamada de "guarda-chuva de defesa", seria necessariamente nuclear.
Questionada se não seria um contra-senso negociar com o governo do Irã, já que ele enfrenta críticas quanto a sua legitimidade, Hillary afirmou que na diplomacia não se escolhe com quem se negocia. Disse ainda que no passado os EUA já negociaram com governantes que não representavam a vontade do povo.

Mulher na Presidência
Hillary afirmou que ainda espera ver uma mulher eleita presidente nos EUA, mas disse que não tem mais intenção de concorrer. "Não tenho absolutamente nenhuma crença de que isso possa acontecer."
Ela se recusou a comentar as eventuais chances da republicana Sarah Palin, que deixou o cargo de governadora do Alasca, e disse que espera ver uma democrata eleita.
A secretária negou os rumores de ter sido ofuscada por Obama nos últimos meses. Disse ter uma troca aberta e justa na relação com o presidente e que deixou a eleição para trás. "Segui em frente, não sou alguém que vive focada no passado." Ela também apoiou a política interna do presidente, elogiando seu esforço para aprovar a reforma do sistema de saúde, e disse estar confiante na aprovação pelo Congresso.


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2707200906.htm

sábado, 25 de julho de 2009

CONVITE

Prezados Senhores (as)

Temos a honra de convidar os senhores (as) para participar da Oficina de esclarecimentos sobre o Edital de seleção para Pontos de Cultura do estado de São Paulo, ministrada pela Comissão Paulista de Pontos de Cultura.

Contaremos também com a presença do Secretário de Cidadania Cultural do Ministério de Cultura, Sr.Célio Roberto Turino de Miranda.

Este encontro acontecerá em Itapecerica da Serra, NO ESPAÇO TERRA NATURAL,AVENIDA XV DE NOVEMBRO,886 centro, no dia 26 de julho de 2009, das 13:00 h às 18:00h.

Solicitamos que confirmem presença no seguinte email: associacaomaisgente@....

TELEFONE 11 -4775 1919

Diretoria da

Associação Mais Gente


Apoio:

H2-M.O.R - Movimento hip hop de rua

Espaço Terra Natural

Secretaria da Cultura de Itapecerica da Serra

C O N V I T E

C O N V I T E

A Bamidelê - Organização de Mulheres Negras na Paraíba, ONG composta por feministas negras, fundada em 2001, cuja missão e projeto político é contribuir para a superação do racismo e do sexismo, tem o prazer de convidar você e sua entidade/organização/grupo para participar do evento alusivo ao 25 de Julho - Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe.

Essa data remete ao dia 25 de Julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino - Americana e Caribenha, em Santo Domingo, na República Dominicana, onde foi definido que essa data seria o marco internacional da luta e da resistência das Mulheres Negras contra todas as formas de opressões. Desde então muitas organizações de mulheres têm trabalhado para consolidar e dar visibilidade a essa data, tendo em conta a condição de opressão de gênero, raça e etnia vivida pelas mulheres negras.

Na Paraíba, estamos promovendo a XI comemoração com o lançamento de uma Campanha publicitária de Promoção da Identidade Negra na Paraíba, que tem como objetivos contribuir para a afirmação da identidade negra, ampliar o debate sobre as relações raciais e fortalecer a luta antirracista no estado.

Contamos com sua presença!!!

Equipe Bamidelê

Nota de Repúdio à Ação do Democratas contra o sistema de cotas da UnB

Nota de Repúdio à Ação do Democratas contra o sistema de cotas da UnB

"Pesquisa publicada prova,
Preferencialmente preto, pobre,
prostituta pra policia prender,
pare, pense, por quê?"
GOG - Brasil com P

O Diretório Central dos Estudantes Honestino Guimarães da Universidade de Brasília vem por meio desta repudiar a ação promovida pelo
Democratas contra o sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília. Nessa segunda-feira (20/7) o partido, por meio de sua advogada voluntária Roberta Kaufmann, impetrou uma Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), demandando a suspensão liminar do sistema de cotas raciais da UnB e do resultado do vestibular do 2Ëš/2009. Essa medida vem de forma antidemocrática querer acabar com uma política pioneira da UnB de democratização do espaço universitário.

A ação movida pelo DEM questiona a UnB por "institucionalizar o racismo" e por dar as bases de um "Estado racializado". Toda a argumentação desenvolvida pela advogada leva a compreensão de que o problema do racismo não existe no país - seja em função da
miscigenação no país, seja pelo argumento biológico de que não existem raças - e que, as políticas de ação afirmativas são problemáticas
quando têm o recorte racial. Mais ainda, ela afirma que esse tipo de política cria o racismo. Em toda a ADPF, a advogada tenta mudar o foco
da argumentação, colocando que em termos biológicos não existem raças e que, portanto, não pode haver racismo no país. Ademais, ela descreve um país muito diferente do Brasil, em que há uma sociedade plural e plena. Ela se contradiz ao colocar nas considerações iniciais sobre o mérito da questão que ela não quer discutir a existência de racismo, preconceito ou discriminação no Brasil, e afirma pouco depois que no Brasil "ninguém é excluído pelo simples fato de ser negro" (p. 27), ou seja, categoricamente a advogada afirma que não existe racismo no país.

É muito fácil se refugiar em argumentos pautados na genética humana para afirmar que somos todos iguais, que não existem raças, quando na verdade o racismo brasileiro é fenotípico e parte marcante da nossa sociedade. Isso quer dizer que, mesmo velado, o racismo brasileiro se expressa nos estereótipos sociais, nas brincadeiras que muitos fazem e nas ações de poder e segregação. Diferentemente do que afirma a advogada, o quadro do Brasil é o de uma grande desigualdade racial. É notável a baixa representatividade dos negros em espaços de poder no país, assim como nas universidades. Se poucos são os que têm acesso à educação superior, menos ainda são os negros que chegam à universidade, que mal chegam a ser 2% dessa comunidade. Em 2003 a UnB tomou uma decisão muito importante nesse sentido. O CEPE (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) aprovou o sistema de cotas, que reserva 20% de suas vagas a estudantes que se declarem negros e afro-descendentes. Essa política vem, acima de tudo, para mudar a realidade das universidades, quebrar o monocromatismo
branco e escurecê-las.

Foi com essa política que a UnB começou a mudar. Com o sistema de cotas, mais negros começaram a entrar e a influenciar os rumos da
universidade, contribuindo para uma formação social mais plural e plena da universidade. Foi com o sistema de cotas que se criou uma
real possibilidade de empoderamento de uma grande camada populacional que historicamente é discriminada. A universidade ainda é um dos espaços predominados por brancos. As cotas vêm para romper com esse arranjo, democratizando a universidade.

A nossa experiência na UnB é a do caminho contrario ao do "racismo institucionalizado". Após a implementação do sistema de cotas a luta
contra o racismo se intensificou em todos os espaços da universidade, sendo que os vários movimentos sociais que se articularam desde então sempre contribuíram em muito para uma maior proximidade da universidade com a sociedade e para a minimização da segregação
social. A política de cotas é um marco na UnB. Ela sinaliza a institucionalização do processo da luta pela igualdade racial no nosso
país.

Em vários momentos os críticos ao sistema de cotas questionam a igualdade, defendida na constituição federal, mas temos que questionar
como é possível falar de igualdade quando brancos e negros partem de pontos tão distintos em nossa sociedade? Que igualdade é essa em que há um claro predomínio branco em espaços de poder? Por fim, que igualdade é essa em que, pela cor da pele alguém é julgado?

Para que possamos concretizar o preceito constituinte de igualdade é central avançar em políticas públicas. As ações afirmativas são
instrumentos com o claro objetivo de mudar uma realidade e afirmar a presença de um grupo socialmente minoritário. Não se trata de culpar
os brancos pela escravidão, como a advogada leva a crer, mas sim o de reforçar o negro como parte integrante e ativa de nossa sociedade.
É por entender o papel democratizante que as cotas possuem que o DCE da UnB vem em sua defesa e manifesta seu repúdio ao Democratas.

A formulação e a implementação de políticas de ação afirmativa são centrais para a consolidação democrática do país e, exatamente por
isso que sempre serão alvo de ações de grupos - e partidos - conservadores que não querem o empoderamento popular. É papel da
universidade formular, constantemente, políticas que visem soluções para os problemas de nossa sociedade. Esse papel tem que ser garantido por toda a sociedade e a única forma de garantir que isso não se encerre é com luta! Por isso o DCE conclama todos os movimentos sociais a se manifestarem e a se engajarem na luta em defesa de uma sociedade mais justa, plural e democrática! Somente com uma ampla articulação que será possível a vitória!

Não à ação do Democratas

Em defesa do Sistema de Cotas da UnB!

Brasília, 24 de Julho de 2009

Diretório Central dos Estudantes Honestino Guimarães
Gestão Pra Fazer Diferente



--
Yuri Soares Franco
Estudante de História da UnB
Diretório Central dos Estudantes da UnB
Honestino Guimarães
Gestão Pra Fazer Diferente!!!