sábado, 21 de agosto de 2010

Carta aberta sobre as cotas na UFRJ

Ao contrário do que pretendem afirmar alguns setores da imprensa, o debate em torno de políticas afirmativas e de sua implementação no ensino universitário brasileiro não pertence à UFRJ, à USP ou a qualquer setor, "racialista" ou não, da sociedade. Soma-se quase uma década de reflexões, envolvendo intelectuais, dirigentes de instituições de ensino, movimentos sociais e movimento estudantil, parlamentares e juristas.

UFRJ

Atualmente, cerca de 130 universidades públicas brasileiras já adotaram políticas afirmativas - entre as quais, a das cotas raciais - como critério de acesso à formação universitária. Entre estas instituições figuram a UFMG, a UFRGS, a Unicamp, a UnB e a USP, que estão entre as mais importantes universidades brasileiras.

Em editorial da última terça-feira, 17 de agosto, intitulado "UFRJ rejeita insensatas cotas raciais", o jornal O Globo assume, de forma facciosa, uma posição contrária a essas políticas afirmativas. O texto desmerece as ações encaminhadas por mais de cem universidades públicas e tenta sugestionar o debate em curso na UFRJ. Distorcendo os fatos, o editorial fala em "inconstitucionalidade" da aplicação do sistema de cotas, quando, na verdade, o que está em pauta no Supremo Tribunal Federal não é a constitucionalidade das cotas, mas os critérios utilizados na UnB para a aplicação de suas políticas afirmativas.

Na última década, enquanto a discussão crescia em todo o país, a UFRJ deu poucos passos, ou quase nenhum, para fazer avançar o debate sobre as políticas públicas. O acesso dos estudantes à UFRJ continua limitado ao vestibular, com uma mera pré-seleção por meio do ENEM, o que significa um processo ainda excludente de seleção para a entrada na universidade pública. Apesar disso, do mês de março para cá, o debate sobre as cotas foi relançado na UFRJ e, hoje, várias decisões podem ser tomadas com melhor conhecimento do problema e das posições dos diferentes setores da sociedade em relação ao assunto.

Se pretendemos avançar rumo a uma democracia real, capaz de assegurar espaços de oportunidades iguais para todos, o acesso à universidade pública deve ser repensado. Isto significa que é preciso levar em conta os diferentes perfis dos estudantes brasileiros, em vez de seguir camuflando a realidade com discursos sobre "mérito" (como se a própria noção não fosse problemática e como se fosse possível comparar méritos de pessoas de condição social e trajetórias totalmente díspares) ou sobre "miscigenação" (como se não houvesse uma história de exclusão dos "menos mestiços" bem atrás de todos nós).

Cotas sociais - e, fundamentalmente, aquelas que reconhecem a dívida histórica do Brasil em relação aos negros - abrem caminhos para que pobres dêem prosseguimento aos seus estudos, prejudicado por um ensino básico predominantemente deficiente. Só assim os dirigentes e professores das universidades brasileiras poderão continuar fazendo seu trabalho de cabeça erguida. Só assim a comunidade universitária poderá avançar, junto com o país e na contra-mão da imprensa retrógrada, representada por O Globo, em direção a um reconhecimento necessário dos crimes da escravidão, crimes que, justamente, por ainda não terem sido reconhecidos como crimes que são, se perpetuam no apartheid social em que vivemos.

Rio de Janeiro, 19 de agosto de 2010

Assinam os professores da UFRJ:

Alexandre Brasil - NUTES

Amaury Fernandes – Escola de Comunicação

André Martins Vilar de Carvalho - Filosofia/IFCS e Faculdade de Medicina

Anita Leandro – Escola de Comunicação
Antonio Carlos de Souza Lima – Museu Nacional

Clovis Montenegro de Lima - FACC/UFRJ-IBICT
Eduardo Viveiros de Castro – Museu Nacional

Denilson Lopes – Escola de Comunicação

Fernando Rabossi - IFCS

Fernando Alvares Salis – Escola de Comunicação

Fernando Santoro - IFCS

Flávio Gomes - IFCS

Giuseppe Mario Cocco - Professor Titular, Escola de Serviço Social

Heloisa Buarque de Hollanda – Professora Titular, Escola de Comunicação/FCC

Henrique Antoun - Escola de Comunicação

Ivana Bentes – Diretora, Escola de Comunicação

Katia Augusta Maciel - Escola de Comunicação

Leonarda Musumeci – Instituto de Economia
Lilia Irmeli Arany Prado – Observatório de Valongo

Liv Sovik – Escola de Comunicação

Liz-Rejane Issberner - FACC/UFRJ-IBICT
Marcelo Paixão – Instituto de Economia

Marcio Goldman – Museu Nacional

Marildo Menegat – Escola de Serviço Social

Marlise Vinagre - Escola de Serviço Social

Nelson Maculan - Professor titular da COPPE e ex-reitor da UFRJ

Olívia Cunha – Museu Nacional

Otávio Velho – Professor Emérito, Museu Nacional

Paulo G. Domenech Oneto – Escola de Comunicação
Renzo Taddei – Escola de Comunicação

Roberto Cabral de Melo Machado - IFCS

Samuel Araujo – Escola de Música

Silvia Lorenz Martins - Observatorio do Valongo

Suzy dos Santos – Escola de Comunicação

Tatiana Roque – Instituto de Matemática

Virgínia Kastrup – Instituto de Psicologia

Silviano Santiago, Professor emérito, UFF

Alabê Nunjara Silva, graduando em RI, UFRJ

MNDH - Movimento Nacional de Direitos Humanos
http://www.mndh.org.br Fornecido por Joomla! Produzido em: 21 August, 2010, 09:31


http://www.mndh.org.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=2459

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

http://extra.globo.com/geral/religiaoefe/posts/2010/08/18/historia-de-iansa-base-de-monologo-em-cartaz-no-sesc-tijuca-317195.asp

Enviado por Eliane Maria -
18.08.2010
| 20h48m
CANDOMBLÉ

História de Iansã é base de monólogo em cartaz no Sesc Tijuca

Foto: divulgação

O monólogo Sete Ventos, interpretado pela atriz Débora Almeida, está em cartaz no Sesc Tijuca até o próximo dia 29 - às sextas, sábados e domingos, às 19h. Baseado em Iansã e em depoimentos de mulheres negras, o espetáculo já cumpriu duas temporadas no Rio e retornou recentemente de Salvador, onde foi apresentado no Dia da Mulher Negra Latino-Americana e do Caribe.

Sete Ventos narra a trajetória da escritora Bárbara, filha de Iansã. Ela relembra junto ao público as histórias de mulheres negras que a influenciaram. Iansã, base do espetáculo, foi escolhida por ser considerada pela atriz a síntese da mulher contemporânea, que vai ao trabalho ao mesmo tempo em que tenta dar conta da cria. A ideia do monólogo é reelaborar artisticamente o mito do orixá, sua dança, sua música e suas histórias.

O Sesc Tijuca fica na Rua Barão de Mesquita, 539. Os ingressos custam R$ 16 (inteira), R$ 8 (meia) e R$ 4 (comerciários). Informações pelos telefones: 3238-2164/2167 e 2129.

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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Comissão vai definir destino de peças do candomblé

19/08/2010 às 00:26
| ATUALIZADA às 00:30 | COMENTÁRIO (0)

Comissão vai definir destino de peças do candomblé

Mariana Paiva l A TARDE

Fernando Amorim/Agência A TARDE
Membros do governo observam as peças que eram exibidas como aberrações no DPT
Membros do governo observam as peças que eram exibidas como aberrações no DPT

Representantes do governo reunidos na sede do Departamento de Polícia Técnica (DPT), no Vale dos Barris, na quarta-feira, 18, recomendaram a criação de uma comissão para decidir o destino dos objetos do candomblé guardados no local. Em matéria publicada em 18 de julho, A TARDE informou o retorno das peças, que estavam no Museu da Cidade, para o DPT. As peças foram tiradas do DPT por pressão de entidades ligadas ao candomblé, já que no Museu Estácio de Lima, do DPT, eram exibidas juntamente com cabeças humanas e outras aberrações.

No local, o grupo visitou o espaço destinado ao museu, que atualmente está em reforma, e abriga, além das peças, aparelhos de ar-condicionado, cadeiras e colchões empilhados. No acervo ligado à cultura africana, encontram-se imagens e vestimentas de orixás, pratos para oferendas e esculturas, algumas delas dentro de caixas.

Presente na reunião, Ubiratan Castro, presidente da Fundação Pedro Calmon (Secult), sugeriu a criação de uma comissão para identificar e decidir para onde irão as peças. “Queremos que seja mista, com representantes do governo e dos terreiros, porque estes últimos podem identificar, datar e afirmar quais são as características culturais de cada obra”.

Para a secretária estadual de Promoção de Igualdade (Sepromi) Luiza Bairros, a ideia de ter alguém para representar os terreiros de candomblé é de extrema importância para garantir a separação das peças de uso religioso. “Estas terão o destino decidido não pelo Estado, mas pelos terreiros. Não podem ser consideradas peças de museu, é o que nos parece mais respeitoso nesse momento”, afirma.

Destino incerto - De acordo com Lícia Maria Afonso, assessora de Raul Barreto Filho, diretor do DPT, o local está sendo usado para abrigar as peças apenas temporariamente. “As peças estão aqui só enquanto o destino delas é decidido”.

Segundo ela, há cerca de 30 anos, quando Maria Thereza Pacheco ainda dirigia o órgão, o professor Estácio de Lima trazia as peças de suas viagens à África. “Ele gostava de candomblé. Aliás, o terreno onde está construído o prédio do Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues foi definido pela necessidade de não se cortar uma árvore, que Mãe Menininha disse ser sagrada”.

Em 1997, uma comissão denunciou a exibição das peças ligadas ao candomblé no Museu Estácio de Lima, cujo acervo era composto prioritariamente de anomalias científicas. Na época, o Ministério Público determinou a ida das peças para o Museu da Cidade, mas uma liminar da Justiça obtida pela ex-diretora do DPT Maria Theresa Pacheco, falecida recentemente, fez com que voltassem para lá.


http://br.groups.yahoo.com/group/discriminacaoracial/message/61277

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

LANÇAMENTO Revista da ABPN, v. 1, n. 2, julho-outubro de 2010


abpn

Numero -13 - Ano 2 - 18 de Agosto de 2010

LANÇAMENTO

Revista da ABPN, v. 1, n. 2, julho-outubro de 2010, ISSN 2177-2770

http://www.abpn.org.br/Revista/index.php/edicoes

Muitos são os lugares a partir dos quais as/os pensadoras/os negras/os têm apresentado suas reflexões sobre experiências individuais e coletivas de africanos e afrodescendentes no mundo ao longo do tempo. Ancoradas em tradições também diversas de produção de conhecimento, essas pessoas têm levado a cabo um esforço legítimo, quando não urgente, de garantir a vitalidade de expressões do pensamento crítico e comprometido com a defesa da liberdade e a luta por equidade em todos os espaços sociais.

Inserida nesse campo de ação, a Revista da ABPN, em seu segundo número, apresenta um conjunto de artigos nos quais se discute desde a afirmação de epistemologias negras até a operacionalização de propostas de superação do racismo e outras formas associadas de discriminação. Com efeito, as vozes que emergem desses escritos dão mostras, mais uma vez, da fortuna crítica construída por intelectuais negras/os nos últimos anos.

Sumário

Filosofia, diversidade e a questão do negro: argumentos criados no seio da filosofia podem nos auxiliar a entender a questão racial contemporânea?

Gislene Aparecida dos Santos

A Diáspora Negra como Genocídio: Brasil, Estados Unidos ou uma geografia supranacional da morte e suas alternativas

João Costa Vargas

Raça e desterritorialização: uma proposta de análise geográfica da Diáspora Africana

Dalila Negreiros

Luz e Canções de Liberdade: reflexões sobre o legado do Comitê Não-Violento de Coordenação Estudantil (SNCC) para o Internacionalismo Negro

Geri Monice Augusto

Medicina Legal: o discurso médico, a proibição da maconha e a criminalização do negro

Luísa Gonçalves Saad

Breves reflexões acerca da historiografia sobre a família negra na sociedade escravista brasileira oitocentista

Isabel Cristina Ferreira dos Reis

Cor e Sexo no Jornalismo: representações das mulheres negras nas páginas de duas revistas femininas

Erly Guedes Barbosa, Silvano Alves Bezerra da Silva

Amor não tem cor?! Gênero e raça/cor na seletividade afetiva de homens e mulheres negros(as) na Bahia e no Rio Grande do Sul

Edilene Machado Pereira, Vera Rodrigues

Autorrepresentação e intervenção cultural em textualidades afro-brasileiras

Florentina Souza

Negrice, Negritude, Negritice: conceitos para a análise de identidades afrodescendentes nos romances O Mundo se Despedaça, de Chinua Achebe, e Chorai, Pátria Amada, de Alan Paton

José Endoença Martins

Apontamentos sociojurídicos sobre o tema “políticas públicas de ação afirmativa para negros no Brasil”

Luiz Fernando Martins da Silva

Reflexões sobre a Formação Continuada no âmbito das Relações Etnicorraciais: Uma experiência em nível de Pós-Graduação Lato Sensu no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow Da Fonseca

Edwilson da Silva Andrade, Ilzani Valeira dos Santos

Chamada para seleção de textos inéditos

Aproveitamos a oportunidade para informar que a Revista da ABPN receberá, até o dia 30 de setembro de 2010, textos inéditos, de temática livre, desde que relacionados às discussões sobre relações raciais e experiências de populações negras no Brasil, nos países africanos e nos demais espaços afro-diaspóricos.

Os textos selecionados poderão ser publicados já na edição de n. 3 da Revista, referente ao período de novembro de 2010 a fevereiro de 2011. Podem ser apresentados artigos, entrevistas e resenhas de livros. Os trabalhos serão disponibilizados no site: http://www.abpn.org.br/Revista.

Os proponentes deverão realizar o Cadastro e, em seguida, registrar a submissão na seção Página do usuário, disponíveis no site da Revista. Eventuais dúvidas devem ser remetidas à Equipe Editorial. Para mais informações, acesse as Diretrizes para Autores.

Por gentileza, divulgar amplamente.

Atenciosamente,

Equipe editorial da Revista da ABPN

Boletim Eletrônico - Associação Brasileira de Pesquisadores(as)Negros(as) - 2009
www.abpn.org.br

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Capa Revista ABPN

Apresentação

Ana Flávia Magalhães Pinto

Muitos são os lugares a partir dos quais as/os pensadoras/os negras/os têm apresentado suas reflexões sobre experiências individuais e coletivas de africanos e afrodescendentes no mundo ao longo do tempo. Ancoradas em tradições também diversas de produção de conhecimento, essas pessoas têm levado a cabo um esforço legítimo, quando não urgente, de garantir a vitalidade de expressões do pensamento crítico e comprometido com a defesa da liberdade e a luta por equidade em todos os espaços sociais.

Inserida nesse campo de ação, a Revista da ABPN, em seu segundo número, apresenta um conjunto de artigos nos quais se discute desde a afirmação de epistemologias negras até a operacionalização de propostas de superação do racismo e outras formas associadas de discriminação. Com efeito, as vozes que emergem desses escritos dão mostras, mais uma vez, da fortuna crítica construída por intelectuais negras/os nos últimos anos.

O artigo de Gislene Aparecida dos Santos, que abre a coletânea, parte da necessidade de se reconhecer a experiência da racialização como dado constitutivo das estruturas de pensamento, argumentando sobre os limites filosóficos do racionalismo moderno. A autora nos convida a pensar sobre a importância dos saberes produzidos cotidianamente, a fim de que esses possam ser deslocados da periferia para o centro das reflexões sobre a produção de conhecimento.

João Costa Vargas, dando força à proposta de Santos, avança nesse terreno por meio de dados empíricos e enfrenta o debate sobre os limites e as potencialidades da libertação na Diáspora Negra, tendo como referência a atuação de grupos de ativistas no Brasil e nos EUA. A Diáspora Negra, com efeito, é entendida como espaço estratégico do genocídio antinegro e, ao mesmo tempo, como um território disponível para o desenvolvimento de ações que deem conta da "urgência de sobrevivência" dos povos negros. Por sua vez, o artigo de Dalila Fernandes de Negreiros nos possibilita, a partir dos estudos em Geografia sobre desterritorialização, entender melhor o conceito de Diáspora Negra em sua dimensão emancipatória.

Em outra frente, as lutas por liberdades são relembradas por Geri Augusto que, na ocasião do 50º aniversário do Comitê Não-Violento de Coordenação Estudantil (SNCC), neste ano, apresentou pela primeira suas recordações pessoais sobre os processos de luta pelos direitos civis nos EUA nos anos 1960. A autora faz referência às práticas educacionais negras no âmbito da chamada Black Education, bem como ilumina a atuação de uma série de intelectuais-ativistas que, embora anônimos, tiveram importância fundamental.

Outros questionamentos sobre as práticas de cerceamento de direitos e racismo contra negros, numa perspectiva historiográfica, são abordados por Luísa Gonçalves Saad no artigo "Medicina Legal: o discurso médico, a proibição da maconha e a criminalização do negro", que demonstra como os discursos sobre proibição do uso de drogas aceitas até o fim do século XIX se valeram de representações negativas a respeito das populações negras nas Américas no pós-abolição.

Isabel Cristina Ferreira dos Reis recua um pouco no tempo para tratar da constituição das famílias negras no período escravista. Mediante o reconhecimento da proximidade entre os mundos da escravidão e da liberdade, a autora extrapola os limites dos estudos feitos a partir da idéia de família escrava e demonstra como africanos e seus descendentes tanto desenvolveram laços afetivo-familiares quanto se esforçaram para mantê-los.

Já Erly Guedes Barbosa e Silvano Alves Bezerra da Silva investem na análise das representações veiculadas por revistas femininas sobre as mulheres e iluminam como esses meios de comunicação têm reproduzido formas discursivas que alimentam o racismo e o sexismo na atualidade. Relativamente próximo a esse debate está a discussão apresentada por Edilene Machado Pereira e Vera Rodrigues sobre seletividade afetiva entre mulheres e homens negros, num estudo comparativo das realidades de Salvador e Porto Alegre.

A literatura e a expressão escrita de escritores afro-brasileiros desde o século XIX é o tema do artigo de Florentina Souza, que busca registrar a produção desses sujeitos que não apenas foram interpelados, como problematizaram a dinâmica de racialização e racismo em suas respectivas obras. Outra importante contribuição é oferecida por José Endoença Martins que, a partir das categorias "negrice", "negritude" e "negritice", desenvolve uma crítica literária capaz de reconhecer e dialogar com as experiências contraditórias dos personagens presentes nos romances O Mundo se Despedaça, do literato nigeriano negro Chinua Achebe, e Chorai, Pátria Amada, de Alan Paton, escritor branco sul-africano.

Os dois últimos artigos deste número tratam de questões relativas à interface entre Direito e Educação. Luiz Fernando Martins da Silva apresenta um balanço das lutas recentes por legitimação das ações afirmativas. O autor recupera criticamente os instrumentos jurídicos nacionais e internacionais ratificados pelo Estado brasileiro para, então, demonstrar a compatibilidade entre as políticas de ação afirmativa e de cotas para negros e Constituição do país. Por fim, Edwilson da Silva Andrade e Ilzani Valeira dos Santos expõem os resultados de sua pesquisa sobre as estratégias de formação continuada dos estudantes de Pós-Graduação Lato Sensu do curso Relações Étnico-Raciais e Educação no Cefet/RJ.


Desejamos a todas/os bons momentos de leitura!



Revista da ABPN

Volume 1, número 2, julho-outubro de 2010 - ISSN 2177-2770

Sumário

Gislene-Santos

Gislene Aparecida dos Santos | Texto completo Abstract / Resumen


João Costa Varga

João Costa Vargas | Texto completo Abstract / Resumen


Dalila Negreiros

Dalila Negreiros | Texto completo | Abstract / Resumen / Resumé



Geri Augusto

Geri Monice Augusto | Texto completo Abstract / Resumen



Luisa

Luísa Gonçalves Saad | Texto completo Abstract / Resumen /


Isabel Reis

Isabel Cristina Ferreira dos Reis | Texto completo Abstract / Resumen

Erly

Erly Guedes Barbosa, Silvano Alves Bezerra da Silva | Texto completo Abstract / Resumen

Silvano

Edulene

Edilene Machado Pereira, Vera Rodrigues | Texto completo Abstract / Resumen

Vera Rodrigues

Florentina Souza | Texto completo Abstract / Resumen



Jose Mendonça

José Endoença Martins | Texto completo Abstract / Resumen


/Luiz-Fernando-Silva

Luiz Fernando Martins da Silva | Texto completo Abstract / Resumen

Edwilson

Edwilson da Silva Andrade, Ilzani Valeira dos Santos | Texto completo Abstract / Resumen

Ilzani





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Revista ABPN - Periódico Multidisciplinar, Quadrimestral - ISSN 2177-2770
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FONTE: http://www.abpn.org.br/Revista/index.php/edicoes


Espanha. Bloqueio marroquino deixa vazios os mercados de Melilha

Espanha. Bloqueio marroquino deixa vazios os mercados de Melilha
por Marta Cerqueira, Publicado em 13 de Agosto de 2010 .Governo espanhol desmente racismo contra marroquinos. Juan Carlos já interveio junto do rei Mohamed IV

Dos avisos e comunicados, as autoridades marroquinas passaram à acção. Os mercados de Melilha, cidade autónoma espanhola situada no Norte de África, não foram ontem abastecidos de peixe, marisco, frutas e legumes, produtos perecíveis que normalmente são enviados de Marrocos. Vários camiões carregados de mercadorias ficaram bloqueados na fronteira de Beni-Enzar, segundo ordens da Coordenação da Sociedade Civil do Norte de Marrocos, uma entidade formada por várias associações e partidos políticos da zona fronteiriça de Melilha.

Durante os últimos meses, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Marrocos fez chegar ao governo espanhol uma série de comunicados nos quais denunciava casos de violência por parte das forças de segurança espanholas na fronteira de Melilha. Os textos davam conta de uma "perigosa tendência racista" da polícia espanhola contra cidadãos marroquinos. Entretanto, meios de comunicação de Marrocos divulgavam casos individuais de pessoas torturadas na fronteira. O governo espanhol desmentiu a versão marroquina da história, acrescentado que "a visão unilateral desses episódios não reflecte o espírito de cooperação existente entre os dois países".

Conversações Numa tentativa de apaziguar os conflitos na fronteira, o rei Juan Carlos de Espanha telefonou ao rei de Marrocos, Mohamed VI, tendo ambos manifestado um desejo comum de evitar que "mal-entendidos ou pequenos problemas" possam "perturbar o excelente clima" das relações bilaterais entre os dois países. Combinaram um encontro informal, embora não tenha sido revelada a data nem o local.

Para González Pons, vice-secretário-geral de comunicação do PP, o rei "é o último recurso diplomático de Espanha", que "só deve ser utilizado quando não existe outra opção". Para a oposição, assim como para as autoridades de Melilha, o culpado do conflito é só um: José Luis Zapatero. González Pons garante que a resolução de conflitos diplomáticos "não precisa de um rei, mas sim de um governo empenhado em manter as boas relações com Marrocos".

Boicote Estava previsto que o bloqueio à entrada de mercadorias em Melilha fosse prolongado até sábado, mas as autoridades marroquinas já chegaram a acordo no sentido de terminá--lo ainda hoje. No entanto, o boicote pode ser retomado, durante quatro dias, na próxima semana, sendo desta vez alargado à entrada de camiões de transporte de cimento e tijolos.

Para terça-feira estão já programados bloqueios à entrada de milhares de mulheres marroquinas que todos os dias passam a fronteira para Melilha para trabalharem como empregadas domésticas.


http://www.ionline.pt/conteudo/73628-espanha-bloqueio-marroquino-deixa-vazios-os-mercados-melilha