terça-feira, 28 de julho de 2009

DOMINGUEIRA NO BONIFÁCIO

DOMINGUEIRA NO BONIFÁCIO

02 DE AGOSTO (domingo) 11 horas

Centro Cultural José Bonifácio

Rua Pedro Ernesto, 80 – GAMBOA

Artes Plásticas

Gisa Nogueira

Música - 13 horas

Grupo Samba Urbano

Pré lançamento do CD SAMBURBANO de Nilson Athayde

Literatura (lançamentos)

Candeia, Luz da Inspiração

de João Batista Vargens

Produção de Cultura no Brasil:

Da Tropicálha aos Pontos de Cultura

de Aline Carvalho

Gastronomia

Chef Maria Inês Vernes

Produção

Didu Nogueira




Crise faz mais imigrantes buscarem ajuda para sair da Espanha

Atualizado em 28 de julho, 2009 - 17:34 (Brasília) 20:34 GMT

Europa

Crise faz mais imigrantes buscarem ajuda para sair da Espanha

Aeoroporto de Barajas, em Madri

Programa dá passagens gratuitas a imigrantes que retornam

A crise econômica parece estar conseguindo algo que as diversas legislações contra a imigração na Espanha tentaram por diversos anos sem sucesso: convencer os imigrantes a voltarem aos seus países de origem.

De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Imigração do país, no primeiro semestre de 2009, o número mensal de imigrantes que solicitou ajuda (indenizações e financiamento) para retornarem a seus países de origem foi seis vezes maior que em 2008.

Ainda de acordo com o ministério, os imigrantes brasileiros estão entre as três nacionalidades que mais registraram aumento no número de solicitações de ajuda para regressar.

Criado em setembro de 2008, o novo programa de retorno voluntário do governo espanhol – que indeniza os trabalhadores estrangeiros em situação legal que queiram voltar a seus países de origem, com o compromisso de não retornarem à Europa em ao menos três anos – foi no início “um pouco decepcionante”, na opinião do ministro do Trabalho e Imigração, Celestino Corbacho.

Durante os três meses em que o plano ficou em vigor em 2008, foram recebidas 1,8 mil solicitações de ajuda para o retorno, uma média de 600 pedidos por mês.

A cifra foi bem menor que as estimativas do governo espanhol, que esperava tirar do país 10 mil imigrantes a cada mês, mas acabou fechando o ano com apenas 1.579 expedientes de saída.

Crise

A crise econômica, no entanto, está mudando esta realidade. Desde janeiro de 2009, o ministério passou a receber, em média, quatro mil solicitações mensais de ingresso no programa e, até o último dia 30 de junho, foram autorizados 6.077 retornos, 91% deles de trabalhadores latino-americanos.

De acordo com a lista oficial do Ministério do Trabalho, as nacionalidades que mais tiveram repatriados foram equatorianos (1.749), colombianos (771), argentinos (364) e brasileiros (332).

O restante está dividido entre outros países, de um total de 20 governos que participam do programa de retorno voluntário em parceria com a Espanha.

Segundo o ministério, as três nacionalidades que registraram o maior aumento no número de pedidos são equatorianos, bolivianos e brasileiros, respectivamente. Muitos pedidos não são aceitos pelo governo espanhol.

Nos casos de trabalhadores do Brasil, o número de solicitações se multiplicou por vinte, porque, na primeira leva de retornos, houve apenas 15 pedidos de brasileiros.

Mudança de comportamento

Para o governo espanhol, esta mudança de comportamento dos imigrantes está diretamente relacionada à crise econômica. Principalmente porque o índice de desemprego da população estrangeira (29%) é bem maior do que a taxa dos trabalhadores locais (17%).

“É inegável que os imigrantes são o grupo mais frágil ante a crise”, disse a diretora geral de Integração dos Imigrantes do ministério, Estrella Rodríguez Pardo, à BBC Brasil.

“Mas não queremos que em seus países de origem pensem que pretendemos expulsar a todo mundo. Passamos por uma conjuntura difícil e, quando a situação se normalizar, precisaremos de todos”, afirmou Rodríguez Pardo.

Xenofobia

Apesar do aumento dos pedidos de ajuda para retornar, o governo acredita que nem todos os 5,5 milhões de estrangeiros (estimativas oficiais entre legais e ilegais) estão dispostos a sair da Espanha.

“Para certos grupos o retorno não é uma opção, porque em seus países de origem, a crise é ainda mais severa”, disse à BBC Brasil o sociólogo Miguel Pajares, autor do relatório Imigração e Mercado de Trabalho - Informe 2009.

“Aqui, sempre contam com a possibilidade de mudar de país dentro da Europa, em busca de melhores condições, mesmo que sejam instáveis”, afirma.

O estudo conduzido por Pajares, feito sob encomenda do Ministério de Trabalho e Imigração, adverte para o perigo do aumento da xenofobia na Espanha, porque a percepção entre os espanhóis de que os estrangeiros estariam ocupando postos de trabalho que poderiam ser deles está se ampliando.

O sociólogo afirmou, no entanto, que não teme “índices alarmantes de xenofobia, mas sim a expansão desta ideologia que produz atitudes agressivas”.

Segundo uma pesquisa do Instituto Nacional de Estatística da Espanha, 80% dos espanhóis responderam que os trabalhadores estrangeiros desempregados deveriam retornar a seus países.

“Se este retorno não alcança dimensões importantes - e não alcançará - cabe prever um aumento de tensões xenófobas. Temos que estar atentos”, afirma Pajares.

O programa de retorno voluntário do governo espanhol só é válido para trabalhadores em situação legal no país.

O governo oferece aos imigrantes que decidem voltar passagens de volta gratuitas e uma quantia equivalente ao seguro-desemprego que receberiam na Espanha.



http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/07/090728_espanha_imigracao_af_cq.shtml