terça-feira, 17 de junho de 2008

Lideranças discutem atenção às vítimas de intolerância religiosa

Lideranças discutem atenção às vítimas de intolerância religiosa

Nesta quinta-feira, representantes da Secretaria de Segurança Pública se reuniram com lideranças religiosas para discutir o atendimento às vítimas de discriminação em delegacias.

A Comissão de Combate à Intolerância denunciou à secretaria casos de agressões por preconceito religioso. Um seguidor da umbanda diz que há um mês jogaram uma bomba de efeito moral na tenda que freqüenta. “As pessoas caíram sufocadas. Isso poderia ter conseqüências mais sérias. A gente não tem, hoje, nenhum canal para poder registrar isso”, reclamou um homem. O grupo pediu a criação de uma delegacia especializada no combate aos crimes de intolerância. Segundo os religiosos, as vítimas enfrentam dificuldades para registrar este tipo de crime nas delegacias comuns. Na semana passada, um centro espírita no Catete, na Zona Sul, foi invadido e teve várias imagens quebradas. Os quatro invasores respondem em liberdade por ameaça, dano ao patrimônio e desrespeito ao culto ou prática religiosa. “Nem todos os delegados utilizam a Lei de Combate ao Racismo, a Lei Cão. Essa lei diz que incitar com razões de religião, cor ou de raça é tipificado como crime inafiançável”, destacou o babalaô Ivanir Santos. A Secretaria de Segurança informou que vai orientar os delegados sobre a tipificação deste crime. Além disso estuda se há necessidade de criar uma delegacia especializada. A comissão, agora, organiza a reunião de grupos de várias religiões para uma caminhada pela liberdade religiosa, em setembro, na orla da Zona Sul.
Veja a cobertura em vídeo pela TV Globo no link: http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL599436-9099,00.html

Umbandistas atacados vão cobrar indenização na Justiça

Umbandistas atacados vão cobrar indenização na Justiça


Responsável pelo centro calcula ter perdido R$20 mil com a destruição de imagens. Detidos em flagrante, invasores são autuados por crime contra sentimento religioso. Os responsáveis pelo Centro Cruz de Oxalá, que foi atacado por quatro jovens evangélicos na noite desta segunda-feira (2), afirmam que vão entrar com ação na Justiça por danos morais e materiais contra os invasores.
“Nós teremos de entrar com ação indenizatória contra os quatro e não contra a igreja da qual fazem parte. Mas nós estamos pensando em esperar o desenrolar das investigações para entrar na Justiça, pois, se for provada a participação da igreja evangélica no ataque, nós entraremos com a ação contra a instituição”, explica Cristina Moreira, que trabalha na casa de umbanda, no Catete.

Ela calcula que os quatro jovens responsáveis pela invasão tenham destruído R$20 mil em imagens. “Só uma imagem de Oxalá custava R$1 mil. Mas o dinheiro não é o maior problema. O que nos deixa mais triste é que as imagens tinham história, pois nosso centro tem 80 anos e muitas delas estavam conosco desde a fundação. Elas tinham valor afetivo. Algumas já tinham até passado por restaurações”, explica Cristina, acrescentando que todas as imagens do centro foram quebradas na invasão. Cristina afirma que vai se reunir ainda esta terça-feira (3) com uma comissão de combate à intolerância religiosa para estudar outras possíveis medidas em relação ao ataque.

Pastor condena atitude de fiéis: Procurado pelo G1, o Pastor Tupirani, responsável pela Igreja Geração Jesus Cristo, condenou o ataque de fiéis da igreja ao centro umbandista. “Fiquei muito surpreso. Eles não deviam ter feito o que fizeram, não incentivamos esse tipo de atitude”, disse, assegurando que os quatro integrantes são “exemplos dentro da igreja”. No entanto, o pastor disse que só vai saber o que realmente aconteceu no culto na noite desta terça-feira (3), quando vai ouvir os fiéis, pela primeira vez , sobre o assunto. “Acredito que tenha uma história antes desse episódio, eles não iam fazer isso do nada. São pessoas pacatas e tranqüilas”, argumentou.

Jovens foram detidos em flagrante: De acordo com o delegado Fábio Pereira, da 9ª DP (Catete), os quatro jovens foram detidos em flagrante e levados para a delegacia, onde prestaram depoimento.

Pereira afirma que eles não pareciam arrependidos e testemunhas contaram que o grupo gritava que aquilo era "coisa do diabo" enquanto quebrava as imagens do Centro.
Eles foram autuados por crime contra o sentimento religioso e liberados depois de se comprometer a comparecer à audiência no 1º Juizado Especial Criminal de Botafogo, em data a ser marcada pela Justiça. Segundo o Código Penal, a pena é de detenção de um mês a um ano, ou multa, podendo ser aumentada em até um terço se houver emprego de violência.
03/06/2008 - 16h09 - Atualizado em 03/06/2008 - 17h02
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL588075-5606,00.html